01 setembro, 2014

Talvez tenha sido assim. Talvez não.

Eu não te conheci como nas cenas dos filmes de comédia romântica, eu não cruzei com você enquanto virava a esquina e você derrubava todos os meus livros da faculdade. Eu não te conheci numa praça, dando comida para os pássaros, nem numa loja de discos enquanto você procurava o lançamento do meu cantor favorito. Eu não te conheci lendo o jornal na padaria, interpretando uma música numa calçada qualquer, nem entrando com o cachorro num mercado onde é proibido a entrada de animais. Eu não te conheci fumando um cigarro na Bandeirantes, na Paulista ou na Ibirapuera; estacionando a bicicleta numa rua completamente esquisita e que você sabia que poderia ser assaltado. Eu não te conheci em algum movimento, algum protesto contra a corrupção, contra o preconceito, a favor do feminismo. Nem dançando loucamente na chuva enquanto todos olhavam, acreditando que você era doente. Eu não te conheci numa balada, de madrugada, onde todos estavam a beira de uma overdose. Num ônibus, de manhã cedo, onde todos estavam a beira de um ataque de fúria. Eu não te conheci no bar da esquina, no sebo do centro, na cafeteria no final da rua, nem esperando o metrô com o fone no ouvido. Não esbarrei com você enquanto nadava numa piscina de hotel, enquanto pagava a estadia num motel, nem enquanto doava algumas moedas para os mendigos. Enquanto cobrava o troco errado numa churrascaria, atropelava alguém de bicicleta, nem entrando numa igreja. Eu não te conheci andando distraído, pensando no término de algum namoro. Eu não te conheci numa rua, numa avenida, num ônibus ou metrô, numa padaria, num sebo ou loja de discos, numa balada, num hotel ou motel, numa cafeteria ou mercado, nem num filme romântico ou dramático. Acho que foi platônico, foi imaginado. Acho que eu te conheci num sonho, ou te vi em alguma estrela. Enquanto eu estava bêbada, talvez. Acho que foi encontro de almas, a gente se esbarrou enquanto cruzava a fronteira da vida. Eu estava indo, e tu, voltando.

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