07 março, 2015

Eu, a solidão e o que eu faço com ela



Sempre tive uma forma estranha em lidar com a solidão. Dizer que a mesma é uma boa dançarina e que devo conduzi-la nunca pareceu, aos olhos dos outros, algo atraente o suficiente. Mas eu, como passível em praticamente tudo, permitia-me dançar com a solidão. E dava para sentir o propósito daquilo; seus aromas tão leves, delicadamente leves; os sussurros, o jeito em que ela, tão submissa, se deixava conduzir; os contos que tanto nos rodeavam, passando despretensiosamente dos lábios para os ouvidos. De nada adiantava achar tudo aquilo ridículo, se era o ridículo que me movia. E então fui achando que talvez, a melhor forma de dançar, fosse sozinho. Sendo rodeado pelos próprios braços, dar os passos livremente, sem medo de pisar no pé de alguém. Era algo como uma valsa: dois passos para lamentar, dois passos para cair.

Nenhum comentário:

Postar um comentário