tag:blogger.com,1999:blog-36757431436049725402024-03-05T10:59:55.241-08:00a verdade sobre a nostalgiaMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.comBlogger232125tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-79102475453786114772019-01-09T03:13:00.001-08:002019-01-09T03:13:50.662-08:00[Um filete de areia na calcinha]Um filete de areia na calcinha e o mar que anuncia:<br />
estou no brilho.<br />
A saia verde e minha boca coçando você beija<br />
O espanto na cara e meu lóbulo cansado você beija<br />
Os sulcos na pele e mais sulcos na minha pele você beija<br />
<br />
Dorme, eu ouço.<br />
Os ombros colados e uma cócega na vulva<br />
pra que me faça perder o medo<br />
E eu afronte minha casa.<br />
<br />
Assim te amo. Como correr na praia<br />
a água morna forrando o corpo, a pele secando no sol.<br />
O silêncio das tuas mãos e um dedo que desce bonito<br />
Umidifica meu cansaço, me alimenta<br />
Me sucumbe a um desejo antigo de ser comida<br />
Aroeira, serralha, flor-de-pincel<br />
<br />
Te amo nos poros e nos vultos: a palavra envolta no<br />
tempo. Te amo no susto de não ser amor talvez<br />
outra coisa<br />
Uma saliva vazando da boca<br />
atrapalhando acanhamentos.<br />
<br />
Porque te amo tateio essa língua<br />
que faz uma mulher prender nos dedos um mói de lençol.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-38455890670781005462018-07-04T12:31:00.001-07:002018-07-04T12:31:35.014-07:00saber ouvir teu nomepara andressa<br />
<br />
queimar-me como uma mulher queima em cinzeiro<br />
te toco pra te achar bonita<br />
enquanto a luz encadear minha cegueira.<br />
de tudo que me ofereces, aceito um par de meias<br />
pra me livrar do frio que carrego.<br />
embora eu me recolha na tua casa, me ame na rua. me ame<br />
no asfalto e nas rachaduras da parede. me ame enquanto os carros passam<br />
e a pedra vire areia e a areia vire pó.<br />
segurarei firme o teu cabelo, porque se lê queratina a minha urgência<br />
conforme eu me recolho na tua casa.<br />
<br />
e me olhe amena, porque tu me tens exausta.<br />
teu nome segue baixo e sonoro na minha boca.<br />
quero saber se me acharias fácil em meio às tuas coisas. potinhos de páprica<br />
sabonetes de argila. rolos de linha. plantas, panelas, passos<br />
me busca na tua colcha cor-de-rosa, me tira pra dançar<br />
e eu gritarei teu nome de garganta inflamada<br />
de forma que eu me recolha na tua casa<br />
e faça parte do que é vivo dentro dela.<br />
<br />
mas você me olha e eu sinto que há algo de bonito em toda miudez<br />
de todo aspecto agrilhoado dos meus pés a uma pedra<br />
que a escada é pouca e eu subiria mais<br />
que eu tenho fome de quando tua cara é palpável, muito além<br />
de um holograma insípido e nervoso.<br />
muito além de beijos na grade<br />
e tremores de pernas na cerâmica, espocam<br />
e eu arranho as tuas costas pra que desmonte<br />
nesse real e minúsculo braço onde repouso a cabeça.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-76617201109337773852018-06-12T11:32:00.000-07:002018-06-12T11:32:27.865-07:00C.automaticamente pensar em você<br />
e nascer de um plástico como se nasce de um saco escrotal<br />
<br />
porque C. não sabe<br />
que por exemplo as sobrancelhas guardam o suor todo da testa<br />
e por isso eu as descabelo inteiras<br />
na tentativa de obstrução, abstração, vínculo<br />
arreganho, plena<br />
desconheço a tua força<br />
e por isso eu interajo, fluída, no que resta do teu sono.<br />
não tenho culpa de ser triste.<br />
<br />
meu processo ter sido homem<br />
porque eu não tenho paz e eu não tenho físico e eu não tenho palavra.<br />
<br />
não importa se no dia triste como esse domingo de maio<br />
você me diga que eu não fui nada além de um mosqueiro<br />
e que eu sou frágil demais pra tentar te proteger de alguma coisa<br />
eu apenas acenaria com a cabeça<br />
já não importa se eu pareço um homem descalço de dedos curtos<br />
acenando pra uma mulher como se ela fosse um conhecido distante na rua<br />
e eu repousasse sobre as suas pernas na indignação de parecer que sofro<br />
eu não sinto mais medo da morte<br />
das paixões que carrego na bolsa<br />
verdinha que eu acabei de comprar.<br />
<br />
repousei num momento de espanto e alívio<br />
automaticamente pensei em você<br />
mas são muitos tantos os amores molhados que a gente enxuga.<br />
e hoje eu sento. e choro. e faço do teu nome escândalo. cúpula.<br />
não tive consciência alguma do poder que teve<br />
a mulher nociva que você também foi<br />
no parapeito imenso e insoso e intenso<br />
desse sopro.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-54702499728929977392018-04-27T07:55:00.000-07:002018-04-27T08:01:51.024-07:00tua punheta minha placenta<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
para vitor</div>
</div>
<br />
tua punheta minha placenta<br />
você é um menino que aguarda a redenção dos vivos<br />
um pedaço de tronco de árvore que corta e quebra<br />
corta-se e quebra-se, meu bichinho de cabeça raspada<br />
<br />
eu sei que é palpável o gosto da tua boca<br />
enquanto belisco meus próprios mamilos<br />
e durmo. ergo-me. invado-me oca, inicio<br />
tenho sede do teu seco suor.<br />
então sentir como gotejo a perfuração do teu baço<br />
na minha barriga. depois cócega.<br />
depois dor. depois alívio.<br />
instauro minha hélice no teu silêncio quieto<br />
sim, eu tiraria da tua pele todo o sangue que eu preciso.<br />
<br />
eu sei que você espera.<br />
isso é tudo.<br />
e eu sou nada.<br />
<br />
eu sou um acidente inesgotavelmente cheio<br />
de cansadas e breves instaurações<br />
barbada e cínica, meus pelos roçam e você sabe porquê<br />
eu tenho a vagina contraída e o cheiro dela no buço<br />
não lamento, não me estendo, não procuro<br />
quero que você exponha, na raiz da desesperança, seu ruído noturno<br />
eu tenho fome também da tua frase<br />
a brancura da boqueira que eu evito<br />
porque vieram homens de todos os lugares, poços e vagões<br />
e eu não soube recrutar você<br />
<br />
eu não soube sequer me alagar e me sentir ingovernável<br />
como as estruturas gerais do rio de janeiro<br />
subir no meu piso pra poder cair e chorar de fragilidade e inocência e na falta de coturno<br />
é teu salto que me levanta<br />
ser como aquela gata<br />
que se esticou todinha quando fizemos carinho na barriguinha dela<br />
como todos os gatos que roçaram nas nossas pernas pedindo abrigo<br />
e nós demos e nós damos sempre<br />
e nós nos beijamos enquanto a areia se perde no meu púbis<br />
e nós nos beijamos enquanto a cidade cospe fogos de artifício<br />
e nós nos beijamos enquanto eu deixo de ser eu e passo a ser você<br />
<br />
e tudo se torna muito tranquilo na minha cabeça.<br />
<br />
tua punheta minha placenta<br />
e eu que nem sequer estico os braços pros demônios que carrego<br />
te faço meu deus pra suprir a necessidade da dúvida<br />
te faço calar a boca enfiando gotas de saliva<br />
e a saliva roxa e o lábio pink e o canto do olho vermelho<br />
meu passado com você é o presente que eu não condeno<br />
você me fala que o tempo urge e as coisas passam<br />
em seus devidos manuais de instrução, essas coisas são só miragem<br />
mas eu sinto<br />
<br />
saudade de sentir roçar no punho a panturrilha mais gostosa do teu país redinha<br />
sentir que do outro lado daquela ponte há centenas de pessoas<br />
e milhões vestindo branco e milhares com guirlandas de adereço no pescoço<br />
e que nenhum deles somos nós<br />
porque estaríamos gozando no banco de trás a caminho de parnamirim<br />
porque estaríamos revirando os olhos pros branquinhos cegos de terno<br />
porque estaríamos dormindo no suor úmido do asfalto<br />
eu queria ouvir devagar tuas vozes na parede<br />
na impossibilidade de entendê-las<br />
eu queria sacudir teu corpo murcho até esticá-lo inteiro na capacidade de te manter vivo<br />
como haste grossa que não quebra<br />
como a tua panturrilha grossa que não afinaria nunca<br />
nem com a briga fúnebre desses dias<br />
eu queria ter-te homem nos meus braços, sacudi-lo como se você fosse essa mão que eu tiro do bolso<br />
pra não mofar dentro da calça<br />
eu tenho saudade de quando as coisas eram pequenas<br />
e eu me sentia importante por ter o mesmo tamanho que elas<br />
como esse figo maduro e esse pêssego que eu chupo entendendo as metáforas<br />
queria ser teu pino e teu primeiro sexo<br />
e depois me tornar o cu que fecha<br />
por medo de perder mais um.<br />
<div style="height: 0px;">
x</div>
Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-75359080303203278872018-03-15T15:45:00.001-07:002018-03-15T15:45:08.748-07:00o dedo que me penetrao dedo que me penetra não tem nome<br />
é cálido som puro, estatueta de mármore e pedra.<br />
<br />
escorrego,<br />
porque lapidou-se o que em K. era nítida rocha bruta<br />
olho para o meu estômago com teu pedaço de unha dentro<br />
como as espinhas de peixe que um dia engoli,<br />
tendo sempre o vômito verde-mostarda.<br />
não acredito que isso que você quer achar<br />
queira ser visto numa colonoscopia:<br />
é gastura simples. pedaços de amina e merda.<br />
<br />
e fogo-fátuo, rastros de tesão e fuga<br />
te amo como as tarântulas e as begônias e os rochedos ao redor do rio<br />
porque sei que me esquivo da tua pele de corte de peixeira<br />
e te ver sentir enjoo do peso exaustivo da minha sombra<br />
interfere na minha ganância de ser palácio e estábulo ao mesmo tempo.<br />
<br />
não ache que é por você que choro<br />
enquanto meu cabelo cheira a gasolina e óleo dísel.<br />
<br />
há a loucura que tento esconder de K.<br />
se a tenho como tenho toda gente que comi, ferina<br />
deixando meu canino pregado em cada coxa preta<br />
o dedo que me penetra não tem nome<br />
é viga suspensa. ferida de queda de cavalo.<br />
<br />
e fazer do cigarro a imagem de pessoa distraída<br />
poder encostar no limbo, saber que o limbo cresce<br />
sob teus olhos, a cama. a prece. o desejo. somam-se<br />
inúteis no 1/11 avos do teu espaço-tempo. calejada,<br />
eu te somo a mim, teu puro sangue gasto de rainha.<br />
<br />
o dedo que me penetra tem nome<br />
mas eu não sei qual é.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-82212904620575465622018-03-13T15:40:00.003-07:002018-03-13T15:40:41.347-07:00antes de construir às margens de uma rodoviaantes de construir às margens de uma rodovia<br />
uma mulher precisa ouvir seu marido que<br />
precisa comprar um terreno e que este dê verduras<br />
essas verduras precisam ser carregadas por um caminhão<br />
um caminhão que seja guiado por jesus<br />
<br />
antes de construir às margens de uma rodovia<br />
uma mulher precisa ouvir seu marido que<br />
precisa contatar a autarquia e a autarquia dar suas ordens<br />
com seus devidos apitos na garganta<br />
esta deve estar seca de dunhill<br />
<br />
antes de construir às margens de uma rodovia<br />
uma mulher precisa ouvir seu marido que<br />
precisa de mais meia hora de sono<br />
e depois poder beijar todo mundo na boca<br />
como fazem esses bons senhores dessas faixas de domínio<br />
e esta precisa ter uma rodovia amplamente facetada<br />
e ela poder escrever na calçada "nosso amor<br />
é passível de inclinações"<br />
<br />
antes de construir às margens de uma rodovia<br />
uma mulher precisa ouvir seu marido que<br />
precisa solicitar um alinhamento e este<br />
se o governo quiser não decepcionará a família<br />
a família de um homem só<br />
e poder pensar no direito de ir embora<br />
como um rio que corre<br />
<br />
antes de construir às margens de uma rodovia<br />
uma mulher precisa parar<br />
de ouvir seu marido.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-85459941315357571972018-02-19T15:09:00.004-08:002018-02-19T15:09:35.658-08:00presságiote amar como um projeto de míssil<br />
alvos se mostram prontos meu digníssimo silêncio<br />
te estourar os ossos<br />
fazer da morte um presságio<br />
tenho baba de homem na boca<br />
de quem perdi metade de meu desejo<br />
e continua o que de vivo sobrou meu tempo:<br />
na boca dessa menina apenas sinta a saliva<br />
que ofereço.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-46068006845822028412018-02-14T03:50:00.001-08:002018-02-14T03:50:31.849-08:00cintilantes. volúveis. fieis. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwI2o51QpV72lXQAaaPvSh2BiL3Xd10CdiJFUMFNFRU0EK9jsFWdZvvhDcjv8b_gu1mmedqP87n6qb8Jhf75G3WsA20J9o9W3Lyinnt5TBS6X6CswDnbtU0tqUFGAG0T3hu8voyR3Nxk8/s1600/IMG-20180124-WA0040+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="453" data-original-width="766" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwI2o51QpV72lXQAaaPvSh2BiL3Xd10CdiJFUMFNFRU0EK9jsFWdZvvhDcjv8b_gu1mmedqP87n6qb8Jhf75G3WsA20J9o9W3Lyinnt5TBS6X6CswDnbtU0tqUFGAG0T3hu8voyR3Nxk8/s400/IMG-20180124-WA0040+%25282%2529.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
a vitor, jean e cecília</div>
<br />
estando em meio a tantos corpos magrelos eu não me importo<br />
que os ossos de algum de vocês me perfure a costela<br />
e eu varreria tua casa com meu arrastar de chinelo<br />
devagar, porque não costumo andar em linha reta<br />
e me borda os calcanhares, não tenho medo<br />
e num relance de escadas, em meio às cavalgadas cirsenses<br />
eu te chamaria de potro, meu esbelto potro<br />
te pediria que me lançasse longe<br />
<br />
por uma morte que não é ferida por uma ferida que não arranhe<br />
meu menino me é quase como uma dama de vermelho<br />
que tem areia no batom que espera constantemente pelos touros<br />
podem ver, por esses óculos, o rapaz bonito que eu tô vendo?<br />
depois me fazer escandalizar no coração desses meninos<br />
<br />
por você eu estaria sendo eternamente confeccionada<br />
como se tivesse cheia apenas de presença em que tudo é processo<br />
tua calça estampada que se confunde nesse estofado<br />
não importa se pareço vestida<br />
me movimento com os dedos tua falange esbranquiçada<br />
posso desfilar onipresente nas peles finas que habito<br />
e assim te presenteio com os dedos de esmalte<br />
mas você constatou que de tudo ficou um pouco do meu desejo. do teu vazio<br />
@ me entrelaça os dedos me deixa perplexa<br />
<br />
me abraçou forte, meu pintor de parede<br />
[se tua casa fosse ninho pro meu antro]<br />
onde vejo um desenho do roberto carlos olhando pra cima<br />
a jovem guarda me é um mistério e eu ouço<br />
hojendia só o solo da tua guitarra<br />
hojendia só a falta de sincronização<br />
hojendia só a queda dos meninos jogando bola<br />
aqui, agora<br />
nada mudará o fato de que eu ainda terei que pegar o próximo ônibusMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-87921134674081939802018-01-23T10:50:00.000-08:002018-01-23T10:50:17.880-08:00ser mais bicho que silênciodepois de alguns anos morando sozinha<br />
a crosta das coisas estáveis desmoronam em rápidos segundos<br />
e eu me torno mais densa<br />
esse grito que dou na sua cara se torna mais denso<br />
sorte sua o banho de piscina ter te tirado a audição<br />
<br />
e no colo das coisas tangíveis eu localizo uma flor<br />
porque tudo que posso tocar não me é viável<br />
eu permaneço intacta<br />
você não me toca<br />
<br />
mas como eu disse pra você num dia de primeiro quarto crescente<br />
que minhas ideias novas não surgem de discursos livres<br />
eu apenas lembrei de uma fala, não era uma constatação<br />
e eu pude ver em seu rosto o medo da liberdade<br />
porque ser livre justificaria minhas ações<br />
e nós prometemos não falar sobre isso<br />
<br />
não acabe com o meu nome riscando-o no seu braço com essa caneta<br />
eu gosto quando você fala<br />
e poder ouvir meu nome na sua boca é o toque que eu não sinto<br />
você percebe o quanto tira de mim aquilo que eu não tenho?<br />
você me diz que eu só vivo num mundo paralelo<br />
onde aparentemente é mais viável ser mais bicho que silêncio<br />
e eu só acredito no corpo<br />
o corpo é tudo<br />
<br />
e no limbo que é a arquitetura média desse quarto<br />
depois de alguns longos anos morando sozinha<br />
eu poderia usar dessa máquina de lavar para aliviar minha frustração<br />
lembrando daquele filme pernambucano que você me mostrou<br />
quando conversávamos sobre o cinema de recife<br />
e parecia sempre perto do dia 25 no calendário lunar<br />
éramos eu você essa flor e essa lua<br />
vendo uma mulher se masturbando enquanto lavava roupa<br />
não tenho medo, nunca, jamais, da solidão<br />
é só que eu não aguento<br />
<br />
depois que você resolveu vir morar comigo<br />
e eu preenchi a minha casa com metade do seu vazio<br />
vi que é melhor não ter a ter e ter que perder de novo<br />
e é por isso que eu grito crua na sua cara<br />
e peço que você vá emboraMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-29513677911427883682017-12-12T14:37:00.000-08:002017-12-12T14:37:23.803-08:00do baixo dos prédiosolhando aqui por baixo teu olhar xamânico<br />
vezenquando permanece vivo o negro petróleo nas narinas<br />
e eu penso que rapé é uma miragem<br />
uma visão de necrotério<br />
e eu penso que sou ciente. sou solúvel.<br />
deixando meus pés descalços nas camadas finas de sal grosso<br />
estaríamos você e eu monocromáticos<br />
traindo nossa vila, nossa bandeira<br />
e aqui de cima eu penso na depressão de quem olha pra baixo<br />
vou saber das marcas únicas de sapato<br />
eficiente olhar confuso em desvendar verniz.<br />
descobri que tudo racha<br />
talvez se salve os lábios de gloss brilhoso<br />
a cidade não protege quem não olha pra frente<br />
e fica preso em seu pequeno sabor de hollyood<br />
o peso que sinto sobre você é porque verifico pulmões<br />
e eu não quero que morra<br />
a minha menina.<br />
<br />
pensando em escalar paredes eu desenvolvi esse apreço<br />
vivo contínua. perplexa. saturada.<br />
e esse prédio tirando minha vista eu não me conformo<br />
por isso eu escalo paredes<br />
por isso eu atrapalho o sinal da tv de vocês.<br />
me prendi meticulosa nos teus calcanhares<br />
porque aqui de baixo você parecia um bicho e teu cabelo se formou laranja<br />
mas você não sabe escalar prédios<br />
e eu caí.<br />
aqui deitada nessa calçada eu penso que tenho um corpo selvagem<br />
igual aos meninos de cabelo solto que se desmancham<br />
em tantos e tantos pedaços de naturalismo<br />
e que tudo em mim não me agrada<br />
acho que sou um homem<br />
, desculpa.<br />
<br />
mas eu não posso saciar a fragilidade dos outros<br />
e me expressar como um indivíduo desconstruído<br />
eu sentiria saudade de mim<br />
do eu confuso.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-45165182589002724002017-12-08T16:18:00.001-08:002017-12-08T16:20:28.988-08:00você poderia, por favor, permanecer na janela?tateias, cega, o ventre frágil de um bicho<br />
olhas pra mim, tenho cara de subversiva?<br />
tenho na língua algum gosto de vingança?<br />
não verei chances em peles pretas<br />
não verei suor como lubrificante<br />
é o que vejo a rede balançando em silêncio<br />
porque há algo de exaustivo em ouvir a própria voz<br />
e por isso os escândalos<br />
e por isso a rouquidão<br />
<br />
tateias, indiferente, a nuca flácida de um bicho<br />
a transa rápida se deve aos vários homens<br />
mas nós temos o nosso próprio ritmo<br />
nossas notas dissonantes<br />
e busco alívio na mão que pesa<br />
em minhas coxas tua unha é só miragem<br />
mas eu sinto<br />
<br />
tateias, cativante, o solo úmido de um bicho<br />
são teus passos maciços sobre meu eterno cansaço<br />
pra eu poder pedir pra rua que me encara amarga<br />
mais olfato que visão<br />
porque eu não tenho mais o mesmo rosto<br />
e eu não percebo mais os mesmo rostos<br />
eu não enxergo ninguém<br />
<br />
tateias, paciente, o colo raso de um bicho<br />
eu te veria tão bonita comentando filme mudo<br />
que eu só me calo<br />
sinto um peso breve quieto em minhas coxas<br />
é você dando pausa<br />
é que eu não posso deixar que façam casa na minha cabeça<br />
eu te diria que não faça casa na minha cabeça<br />
não agoraMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-62693751980914655312017-12-02T11:12:00.000-08:002017-12-02T06:12:55.979-08:00poema para incentivar o coração não preenchidopara cecília<br />
<br />
eu prometo te beijar sem esse cheiro de cigarro<br />
que vem queimando meu bolso de trás<br />
e sujando minhas calças brancas de tecido sedoso<br />
não tenho no lábio gosto algum criança<br />
pra poder sentir o seu direito<br />
foi te chamando pra um samba gostoso na rio branco<br />
que eu deixei minhas pernas bambearem soltas<br />
e a voz do cartola no ouvido me soou verdadeiro<br />
te escrevo pés descalços gozo sinuoso pra que me entenda, bem<br />
me aproximo calma com o dedo sujo de tinta<br />
eu não fico de olho nos meninos morenos de cabelo grande<br />
eu só ouço uns tal de lo-fi como se ouvisse a nona sinfonia<br />
continuo te vendo de chapada na roda apesar de tudo<br />
e mesmo se você me dissesse adeus num grafite pra que eu não esquecesse<br />
eu só conseguiria te dizer como é desconcertante<br />
com você no meu braço eu não teria medo da câimbra<br />
e que você não tenha medo também de pousar sobre minhas veias portanto<br />
não me baste aos sábados como se eu não vivesse os dias todos<br />
inaugurando os espaços que não nos cabem<br />
pelo menos não espremendo limões<br />
<br />
e poder te chamar de avenue des ternes<br />
ou talvez saint-honoré<br />
e te deixar fazer carinho no meu pequeno ventre<br />
com um gosto sutil que eu quero no meu braço<br />
travestido de 51Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-16495921001055419172017-11-22T15:36:00.001-08:002017-11-22T15:36:46.943-08:00amor perda pânico armário soluçoeu só posso te ver com a mão no peito<br />
me assegurando que minhas mãos são parede<br />
teia. refúgio. cianeto de potássio.<br />
<br />
que minhas mãos são ladeira<br />
e que você pode descer<br />
sem medo<br />
<br />
tendo em vista o corpo todo e saber que ele é só uma máscara<br />
escondendo o corpo que tem dentro<br />
que esconde outro e talvez mais um embaixo<br />
olhando bem pra dentro da sua primeira pele<br />
onde há constâncias e regularidades<br />
quando posso ver tua cabeça<br />
teu peito longe de mim é o que menos importa<br />
<br />
eu não consigo não correr o risco<br />
porque tudo em mim é cada gesto sucumbido<br />
história de selvageria transa mística que me atrevo a esquecer meu bem<br />
<br />
não esqueço<br />
a abelha que você manda pra longe<br />
com um gesto de mão fechada<br />
és aberta enfim só de corpo<br />
e pra abrir você a gente usa aqueles serrotes com cabo de alumínio<br />
<br />
saber que és toda autêntica e em si preliminar<br />
só no teu rosto que a gente ver por um instante<br />
a dor descendo dos cílios circenses<br />
és aberta enfim só de corpo<br />
e não fostes jamais veneno, agrotóxico. talvez a plantação.<br />
e da tua árvore geneológica<br />
só você conhece a vida<br />
<br />
assim se as coisas que você pensa e sente<br />
tem origem gesto explicação<br />
mostre gesticule explique<br />
por você ter no mesmo teto o fogo-fátuo<br />
com aparência de gente de cabelos brancos<br />
que da palavra adeus<br />
eu só consigo ler desastre.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-14604448153045773112017-11-11T13:35:00.000-08:002017-11-11T13:35:08.027-08:00oi tô te ligando - parte 1andei pensando se é verdade<br />
que a gente se desfigura<br />
não quero um lugar onde meus olhos estariam baixos demais<br />
pra que eu te enxergue<br />
ou minha boca muito inclinada<br />
ou meus braços derretendo<br />
suando numa ansiedade patológica<br />
...<br />
eu estaria finalmente sem condições de perceber você<br />
e não acho que isso seja bom<br />
...<br />
foi como a marina disse<br />
que o limite da arte é a perda da nossa consciência<br />
porque a partir dali não poderíamos mais apresentá-la<br />
você sabe de quem eu tô falando<br />
...<br />
imagina então se eu perder os sentidos<br />
minha consciência<br />
meus instintos<br />
o que sobraria?<br />
será que eu ainda perceberia a saudade?<br />
a ausência?<br />
...<br />
é que me sinto meio que regredindo, saca?<br />
voltando a ser esboço<br />
daí não tenho mais todas as funções completas, certinhas<br />
diante de você que eu não sei mais se está me ouvindo<br />
...<br />
talvez você me respondesse que perderíamos a consciência<br />
sempre<br />
com aquelas massas prensadas<br />
com aquelas dores nas pernas e o suor<br />
e na cabeça como que se as coisas cintilassem, eu lembro bem<br />
e isso bastava, isso era tudo<br />
mas não é disso que estou falando, pelo amor de deus<br />
...<br />
ainda ta aí?<br />
eu espero.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-55771578757347718932017-10-30T17:32:00.001-07:002017-10-30T17:32:18.004-07:00fumaça sensaçãopara sarah<br />
<br />
talvez você não saiba, mas uns animais pedem consolo no colo de outros<br />
às vezes ombros, peitos, costelas<br />
e às vezes se indignam. se frustram. se decepcionam.<br />
com os olhos encostados na arquibancada de cima<br />
estamos nós também, de cigarrinho aceso.<br />
<br />
não me atrevo nesses dedos que permeiam o solo frágil<br />
apesar de ter dedos que queimam, lábios apressados, fome<br />
não quero te fazer dormir, criança louca<br />
quero o gloss<br />
os brincos de argola.<br />
<br />
mas havia pós-punk e as bandas psicodélicas de goiânia<br />
por hora, no entando, eu apenas ouço seu bater de pernas ao meu lado<br />
ouvindo de mim sobre a carência dos animais<br />
deixando clara a minha própria necessidade, meus anseios<br />
que sejamos nós dentro dessa cidade apenas obstáculos<br />
apenas fumaça sensação.<br />
<br />
mas você falou que carregaria na cabeça alguém bonita como eu<br />
acredito nos colóquios subversivos vindos de bocas cheias de vinho<br />
acredito nos beijos com sabor de catuaba<br />
e nas arquibancadas de cimento<br />
eu deixo passar despercebidas as perturbações<br />
e te beijo ciente do mundo.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-69548988290317479812017-10-22T15:16:00.001-07:002017-10-22T15:16:48.643-07:00profundidade das coisasouça a placenta, ela dirá: o amor é absurdamente inviável. ele se verá em formas humanas, porque também é gente. mas late, entra no cio. esguicha água, molha plantações.<br />
mas quando ele chegar, não escape.<br />
veja. você verá, agora, que descanso.<br />
eu tive medo, mas eu montei no mundo. eu controlei o guidom.<br />
éramos fortes e eu pressupus que seríamos sempre, por que pra quê a eternidade senão o alívio?<br />
e cansar devia-se ao mistério, à profundidade das coisas.<br />
<br />
força pra aguentar esses dias que são loucos. esses dias fervem, garota. eles escapam.<br />
e a menina roxa preta bege que não te quer de branco<br />
ela sentirá o peso, lá, dentro da cabeça<br />
não há amor que aguente à queda rasa.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-134096250577275592017-10-16T16:49:00.000-07:002017-10-16T16:49:10.633-07:00letárgicasoube que os homens se esgotaram<br />
então o sexo é isso, meu bem, só isso?<br />
soube da tristeza embaixo dos óculos<br />
eu quase sinto desprezo<br />
mas paro. olho.<br />
e sinto desprezo por mim também<br />
eu sinto ânsias. crateras. insurreições.<br />
e nunca tenho na língua o que quero<br />
<br />
depois a lobotomia, o estresse<br />
meu corpo é uma órbita desconhecida<br />
em meio as ruínas bonitas do meio-fio<br />
a menina hermética me diz do ruído<br />
choro porque a liberdade dói e sartre fala<br />
do peso que é<br />
existir<br />
<br />
e ser mulher, ser ogra, artifício<br />
ser gente e incomodar<br />
como as ondas no céu da boca de um cachorro<br />
<br />
ser sozinha, com o olhar estancado<br />
e ainda assim te querer abaixo da unha<br />
abaixo da sandália de coro<br />
olhar a merda toda, a vida fodida, esgotada<br />
te querer fraca<br />
e longe de mim<br />
<br />
e eu cansada, diluída no próprio poço que formei<br />
me acaricio depois por medo do que falo<br />
me vejo faltosa. límbica. letárgica.<br />
fico à deriva, em desuso.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-50548692118950890962017-10-11T14:24:00.001-07:002017-10-11T14:25:18.947-07:00a sucção do contato, teus lábios resolvem tudo<div style="margin-bottom: 6px;">
<span style="font-family: inherit;">te acordei no fim da tarde, a boca pastosa<br />eu tenho ânsias, crateras<br />segui descalça pelo apartamento e o piso quente<br />não é o amor que se digere, você me diz<br />ele permanece no esôfago<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br />deixe que o amor permaneça lá, entalado<br />que rasgue a mucosa<br />te desproteja<br />foda com o próprio corpo antes que</span></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="display: inline;">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px;">
<span style="font-family: inherit;">eu</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: inherit;">senti sua boca no fim de tarde, lânguida<br />gosto dos impulsos dos joelhos que tocam sozinhos o piso quente<br />e ajoelhar-se é quase um mantra<br />hermético<br />sensorial<br />fatídico<br />eu sei do blues que é ajoelhar-se pra você<br />do new wave que é<br />e você ri da minha cara pela relação estranha com a cerâmica<br />somos juntas uma espécie de contato interativo<br />co-existentes<br />você está lá, intermediando.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: inherit;">não é o amor que desiste.<br />são os fins de tarde os pisos quentes os joelhos terrenos<br />em meio a soma das coisas, somos eu e você, instáveis<br />você sente falta de mim?</span></div>
</div>
Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-32438970518729742412017-10-02T09:39:00.001-07:002017-10-02T09:39:57.439-07:00desobediência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://25.media.tumblr.com/7973e37fcdd513932e199fada987ad48/tumblr_mzo64lzIul1rnbe78o1_500.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="Imagem relacionada" border="0" class="irc_mi" height="232" src="https://25.media.tumblr.com/7973e37fcdd513932e199fada987ad48/tumblr_mzo64lzIul1rnbe78o1_500.gif" style="margin-top: 15px;" width="320" /></a></div>
não sei do cabelo que tive<br />
nem do semblante que eu tinha:<br />
é só a epifania<br />
o que fica do que passa<br />
<br />
quase tudo é um só demônio<br />
enrustido<br />
em vestes pela vidraça<br />
porque eu me encontrei, mãe<br />
nas peles finas que habito<br />
<br />
ficar em mim<br />
estar em mim<br />
a desobediênciaMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-77553869298053483472017-09-26T07:33:00.000-07:002017-09-26T07:33:57.967-07:00serei eu repleta de inutilidadespossíveis erros. reestruturação das lembranças.<br />
eu não serei, jamais, inquieta<br />
diante do teu amor cansado. passivo. distante.<br />
serei eu, portanto, cansada também.<br />
<br />
homens nocivos me incriminam<br />
sem facas, adegas, panos de prato, amor, amor<br />
eu não tenho sequer um molho pronto pra jogar na cara de vocês.<br />
<br />
sou alvo, desculpa, serei sempre alvo<br />
e por isso tenho pressa de morrer em mãos exaustas.<br />
quentes. calmas. mãos de mulher.<br />
por isso me perdi tentando ver em você um deus<br />
um deus ausente de espiritualidade<br />
que me apontasse o caminho real da volta<br />
pra ser plena e desfigurada.<br />
<br />
não, não carrego em mim sonho algum<br />
estou repleta de inutilidades<br />
a escassez é o mundo e o mundo a escassez em si<br />
você disse: perplexa. moldável.<br />
eu sou o alívio:<br />
inviável. insaciável. intransponível.<br />
quase mitigada, te darei aos montes<br />
o vazio das coisas.<br />
<br />
eu sei que você estará aí. ambígua. polissêmica.<br />
esperando minhas pernas bambearem, minhas asas se quebrarem ao meio.<br />
mas não. não serei eu.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-38035022586848022732017-09-21T15:05:00.000-07:002017-09-21T15:05:18.765-07:00eu deito em cima de um corpo diferenteeu deito em cima de um corpo diferente<br />
um corpo sem resistência, atrelado<br />
não desperta com o espanto, permanece justo<br />
e o toque new wave abatido<br />
eu sinto o cheiro do algodão-doce azul<br />
em fios de cabelo imersos<br />
<br />
just like a woman<br />
esquece os dedos dentro das calças<br />
eu esqueci meu peso minha cabeça<br />
eu esqueci o tumulto<br />
porque a outra deixou um resquício de ruína<br />
e eu quase choro naquele peito<br />
com cara de morte<br />
<br />
eu te falarei da escassez<br />
a língua cansada manchada de preto ainda assim<br />
é uma língua bonita<br />
esperneada<br />
ainda que quieta<br />
dentro da boca<br />
<br />
no entanto partir se confronta<br />
ao ato de cuspir no outro<br />
longe revela-se inalcançável<br />
intransponível<br />
e o ranço<br />
<br />
o ranço predomina.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-30849881747042372302017-09-18T05:28:00.000-07:002017-09-18T05:28:55.087-07:00fim de ciclohoje mais do que ontem, eu tenho pensado em azul<br />
e não sei se intercalo as cores quentes se penso no seu sexo<br />
feito borboleta de asas quebradas alguns<br />
sentem medo da queda eu tenho medo do vento<br />
<br />
que levou alguma coisa branda que eu via nos seus olhos deixei<br />
quieto porque me alivia o soco na cara o deboche<br />
quase inconsciente é o teu riso no canto da boca<br />
que me esquece por que me esqueces se há tanto espaço na cabeça?<br />
se há tanto fio condutor tantas veias tantos cílios que eu posso arrancar<br />
por que me deixastes fria? e eu penso no azul<br />
porque o céu levou as nuvens<br />
<br />
e eu tenho um corpo aberto um lábio dolorido saudade óssea<br />
o medo instintivo de não ver mexer teu orbicular do olho venho<br />
estudando anatomia o corpo fala e eu entendi inteiramente<br />
que o teu só quer silêncio<br />
pensar como se fosses uma garrafa pet que eu poderia imprensar<br />
contra os dentes levar comigo a língua tocando e é feito<br />
coronário seus braços recobrindo os órgãos<br />
de acordo com paul ekman não passa de medo tens medo de mim?<br />
<br />
porque as coisas morrem e eu ouço seu bater de asas desesperado<br />
o fogo dessas velas que apagas hoje é o teu fogo<br />
eu sinto a fumaça quer viver sozinha<br />
desculpa, eu esperava um incêndioMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-73770211349792676802017-09-08T11:41:00.000-07:002017-09-08T11:41:00.034-07:00soco na boca<a href="https://i.pinimg.com/236x/e6/11/70/e611701bfaddd1a25049ea97c468531e--painting-tips-art-watercolor.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://i.pinimg.com/236x/e6/11/70/e611701bfaddd1a25049ea97c468531e--painting-tips-art-watercolor.jpg" /></a>mistério profundo limbo crescente<br />
eu sorrio cínica pros meninos do bairro<br />
e atropelo pedras<br />
não me aquieta o soco na boca o líquido grudento<br />
adoraria chorar no peito de um piloto<br />
e se eu te disser que meu gostar por você jamais<br />
se tornará amor e eu te deixarei morrer seco balançando<br />
em fio de cobre, enferrujado, diante desse doce<br />
amargo que recuso?<br />
não tenho pressa, amor<br />
de me tornar puta.Mönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-28788287499964127562017-08-28T17:24:00.001-07:002017-08-28T17:24:20.816-07:00adegas e cabelos grandesa coisa da adega no peito<br />
a tua voz arderá no útero<br />
eu sei que corro<br />
e você estará lá calibrando os pneus<br />
<br />
seguimos<br />
num lance bíblico amarrando as avencas<br />
sentindo o pó das flores<br />
abaixo dos pés descalços<br />
enquanto teus fios<br />
brotam volume<br />
<br />
não quero a dor<br />
de fingir que não vejo<br />
os homens atolando os bois<br />
<br />
me ensina qual pedra usar no pescoço<br />
seu ponto de força<br />
o breu que reje<br />
é a nudez que escondo:<br />
entre<br />
com as pedras de xangô nas mãos<br />
<br />
a cor<br />
a nossa cor<br />
que a paleta não mostraMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3675743143604972540.post-10054279001663590472017-08-22T07:48:00.002-07:002017-08-22T07:48:20.294-07:00frívola inerte operanteno fim<br />
teu fluxo na boca<br />
me oprime<br />
me rotula<br />
se tornou sulfato em riscos pela língua<br />
ainda sim te gosto<br />
te tenho nos joelhos<br />
porque sou bicha<br />
física, mental, corpórea<br />
metalinguística<br />
te cuspo aos montes sem escarro<br />
porque prefiro viva a dor<br />
que manchada no meu colo<br />
sem cor, sem gosto<br />
me p(refiro) assim puta<br />
afrontosa<br />
cigana<br />
hilda, encosta em mim e fixa<br />
feito lodo<br />
onde escorrego fácil<br />
onde frágil permaneço<br />
meu sufixo<br />
são meus glóbulos vermelhos<br />
meu cabelo crespo<br />
minha senzala<br />
própria<br />
não deixo que vejam meus colapsos<br />
<br />
descanso<br />
já me tornei a frívola inerte operante<br />
que pretendiaMönthttp://www.blogger.com/profile/16560072801892677737noreply@blogger.com0