1-Teus Olhos Meus

Com direção do Caio Sóh e o Emílio Dantas e o Remo Rocha (o da foto) no elenco, Teus Olhos Meus foi lançado em 2011 com uma produção bastante modesta, porém não deixa de ser um dos melhores filmes brasileiros que já assisti. Paralelamente, o filme vai mostrando a história de dois homens: Gil e Otávio, que se conhecem por acaso numa noite em que os dois, cansados das brigas dentro de casa, resolvem parar numa lanchonete qualquer entre litros de vodka, cigarros e música. Gil acaba descobrindo um novo prazer na relação com Otávio; os dois acabam dormindo juntos e se percebem apaixonados um pelo outro. Tanto que no decorrer do filme, Gil passa a morar com Otávio e viver uma relação que é retratada da forma mais bela possível. O filme é cheio de citações poéticas, uma trilha-sonora bastante singela, um elenco excelente e uma história de amor que dá gosto de acompanhar. Além de um final extremamente surpreendente; e deixo logo um aviso: talvez decepcione, mas para mim, só fez o filme ficar mais incrível ainda.
“Toda noite eu escuto um puta chiado no meu coração
e eu sei que é o som da chacina de tudo que se atreveu
a habitar no meu peito nesse dia. Toda manhã quando
eu acordo, várias coisas novas nascem no meu ser.
Eu sinto aqui dentro uma confusa reciclagem.
Uma mistura de saudade do que eu fui ontem com uma
curiosidade do que eu sou hoje se esfregando na angústia
do que eu me tornarei amanhã.”

2- Medianeras

Procurando saber um pouco mais sobre a carreira do Javier Drolas -que faz um dos personagens principais em Medianeras- acabei descobrindo aquele que seria um dos melhores filmes que já tive o prazer de assistir. Nunca me interessei por grandes produções; e este está incluído naqueles filmes em que geralmente não nos interessamos de imediato (seja pela sinopse, pela temática ou pelo elenco), mas que nos prendem e surpreendem pela boa qualidade. Além do Javier, está incluída a Pilar López no elenco (a da foto) que foi com quem eu me identifiquei plenamente. A história é sobre duas pessoas que não se conhecem de início, mas são praticamente iguais em tudo que pensam. Ela é vitrinista, tem fobia de elevador e, como visto na imagem, tem como passa-tempo o livro "Onde Está Wally?". Já ele tem uma certa obsessão pela tecnologia, cria sites e adora o Astro Boy. Além de solitários, extremamente solitários. Contando a história de cada um, paralelamente; as pessoas com quem eles se envolvem, o que fazem na maior parte do tempo... É um enredo bastante simples e que encanta justamente pela despretensão. Um filme bastante divertido, com aqueles pensamentos filosóficos que tanto amo e um final encantador que a vontade era de entrar naquela trama e participar.
"O que esperar de uma cidade que dá as costas ao seu rio?
É certeza que as separações e os divórcios, a violência familiar,
o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta de desejo,
a apatia, a depressão, os suicídios, as neuroses, os ataques de pânico,
a obesidade, a tensão muscular, a insegurança, a hipocondria, o estresse
e o sedentarismo são culpa dos arquitetos e incorporadores."

3- Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

Mais um que encontrei revirando sites e blogs da vida, "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" é um filme que eu tive que assistir mais de uma vez para conseguir compreender e, assim, apreciá-lo. Não foi muito fácil, o filme parece confuso de início, mas ao decorrer do enredo as coisas começam a aparecer e o filme vai ficando incrível. Conta a história de um casal: Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) que se conhecem, se relacionam, mas que as diferenças de personalidade perduram e Clementine decide esquecê-lo. Para isso, contrata uma empresa que promete retirar da memória os pensamentos que ela tivera que conviver com Joel. Ele tenta fazer o mesmo, ao descobrir que a moça já não se lembra dele, mas ao decorrer da operação, Joel acaba desistindo. Após essa decisão, o filme vai mostrando as lembranças totalmente soltas. Os pensamentos vão se desconstruindo, desaparecendo e as passagens de cenas são lindíssimas; com os dois desesperados por estarem esquecendo um ao outro.
“Não preciso ser legal e não preciso
que outras pessoas sejam legais comigo”

4- Paraísos Artificiais

Um amorzinho pela Nathalia Dill existiu desde sempre e só fez aumentar quando eu assisti ela protagonizando Paraísos Artificiais. Já sabendo o que eu teria que assistir, o filme retrata muito um estilo de vida alternativo, incluindo muito sexo e drogas sintéticas; além do envolvimento de jovens de classe média no tráfico. O enredo mostra a relação de três pessoas: Érika, (Nathalia Dill), Nando (Luca Bianchi) e Lara (Lívia de Bueno) que viveram momentos intensos em festas ao som de muita música eletrônica (que faz parte de toda trilha-sonora, levando em consideração o fato de Érika ser DJ). Os cenários são os melhores: praias, baladas, países da Europa... E um desfecho que nem chega a ser surpreendente, se levarmos em conta a temática bissexual que o filme aborda.
“Seus anjos e demônios estão todos dentro de você. As drogas são incapazes de criar uma realidade alheia à você.
Elas simplesmente potencializam o que já existe.
As pessoas tiram das drogas o que elas querem.
A grande questão é: será que elas querem
o que é melhor pra elas?”

5- Eu Matei Minha Mãe
O filme revela, de forma dramática e objetiva, a relação intrigante de um filho que não se identifica em nada com sua própria mãe. Pelo contrário, há brigas e discussões grandes durante todo o filme. Considero Xavier Dolan -que protagoniza, no papel do filho (Hubert Minel)- um dos maiores roteiristas e diretores atualmente. Aqui é possível vê-lo atuando e dirigindo num roteiro próprio. Apesar da história central ser sobre essa relação de mãe e filho, as cenas não se limitam apenas a isso. Suas relações com a professora e o namorado; seus traços de artista e seus conflitos internos que são relatados maravilhosamente, como um desabafo em frente a uma câmera. O filme todo é como um desabafo e o título não é literal: apesar de todas as diferenças, Hubert ama sua mãe. Com altos e baixos, brigas e abraços, as cenas se estendem como um soco no emocional.“Não há outra coisa que matar
nessa vida que o inimigo interior,
o duplo no duro núcleo.
Dominá-lo é uma arte.
Até que ponto somos artistas?”

Nenhum comentário:
Postar um comentário