02 junho, 2015

Meio indisposta



Quando me vejo acordando hoje com o mesmo ar de derrota, penso que nada mudou. Continuo com os mesmos olhos caídos e o aspecto sórdido de sempre. Não queria que me visse assim, derrotada, sem um pingo de esperança na mochila. Não queria que me visse tendo aqueles velhos colapsos e derramando aqueles vinhos e sujando aquelas roupas. Só vim perceber que nada tenho em comum com o mar depois que fui engolida por ondas consistentes e nada mudo. não como o mar, imenso e solitário. Penso que já fomos grandes-lúcidos-caídos-bêbados-loucos-miseráveis-cúmplices-bregas-sozinhos-sofridos-psicóticos-amáveis-amantes-detentos-doentes. e agora nada tenho, só sobrou essa saudade e esse gosto de tristeza vencida. Só sobrou esse vazio e uma memória terrível que já conseguiu esquecer do seu rosto. Eu me lembro de tão pouca coisa que tudo dói quando te vejo inteiro, dói quando vejo que continuo caindo e caindo e caindo até o mais fundo dos poços. Só ando meio indisposta pra vida.

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