09 fevereiro, 2016

Bruta

Claramente foge,
se desprende
perdida, entretanto
consciente
que engole o que deveria cuspir.
Sem refinaria,
bruta,
fuja enquanto o salto é baixo
pois é preciso estar no alto pra se iludir.
E se ilude
enquanto o choro é curto
e a presença é vaga
e a felicidade se rasga no chão
pra informá-la a distância.
Que o que tá perto, acaba.
O que se bebe, perde
o que se fuma, estraga
e a dor não permanece
quando se ama às três da manhã
(o moço do mesmo bairro,
a moça do mesmo ônibus)
a pele que toca junto.
Súbita, esclareço:
ela ama ligeiro e, escondida,
fode com o mundo
atrás de um muro forte.
Mas ama.
E ama
aquilo que se foge
pelas mãos.

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