02 março, 2017

de quando é carnaval e eu nem percebo

parada diante da parede e a dor que corrói, feito verme. há umas festas do lado de fora, as pessoas são sempre felizes fora de casa, onde há luz e estradas de paralé. eu sinto saudade. decididamente, eu ligo o chuveiro quente ao calor do meio dia e sinto saudade. pra que pareça verdade e a queimadura apareça forçada na pele seca, sem o cheiro e a saliva pra limpar com guardanapo. e há sempre também uma angústia ao alcance do olho; as próprias mãos oleosas que esfregam as pálpebras e arrancam com força um punhado de cílios pra fazer o mesmo pedido várias e várias e várias vezes, incansavelmente, que venha também ao alcance do olho. que apareça pra mim sem disfarce. e queria logo atravessar os fios do cabelo até o ouvido e sentir mais uma vez algo grandioso e sentir sempre porque o sono chegou e ele quase sempre chega, apesar de tudo.

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