26 abril, 2017

o ser e o não ser também da gente

quero que esqueça as nuances do meu signo
esqueça meus quadris curvilíneos
esqueça meus joelhos de pedra maciça
faça as pontas dos meus dedos aparecerem deformados na tua lembrança
sem cor sem cheiro sem líquido viscoso
aprenderei a não fazer mais diferença
quero que arranque da orelha qualquer resquício de língua molhada
passa a mão nas coxas e sente se algum cheiro permaneceu intacto
toca a tua boca e sente o próprio beijo
esqueça o contato dos meus dentes com tua pele ressecada
esquece que servi de hidratante
quero que esqueça o sexo
mas lembra talvez das palavras em francês
do meu eu te amo no repeat sem pausa em volume baixo
de como teu rímel escuro me fez repensar a existência de um amor involuntário
com muita loucura e jamais breve
e alheia a isso, eu
com a saudade de antes e agora e sempre.
esqueça, portanto, meus poemas sobre as peles que arrancei da tua boca
e quando tudo parecer irreal aos teus olhos
e eu não mais aparecer diante das paredes do teu crânio,
ama-me de novo.

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