08 maio, 2017

Olhos de despejo

Menina,
signo bruto frente à
precariedade dos homens.

Gosto amargo no queixo, sem notoriedade. Os sulcos do seu corpo eram fiéis às aberturas dos meus dedos. Sabíamos do poder do encaixe das fivelas e das unhas removíveis; éramos de terra e massa de modelar. A mulher do ciclo do ouro, cílios circenses, tímidos joelhos que agachavam em câmera lenta, lúcida. Pequena menina lúcida e ainda assim de pés gigantes, pavorosos em pedestal. Eu não tive direito àqueles olhos de despejo.

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