cada um com a própria língua grudada no meu ouvido

a tua boca aberta
e a minha fechada, sem ruído.
eu hoje quis riscar a tua nuca
conversar com os teus pulsos
e esconder todos meus surtos
na palma da tua mão.
quis alegoria, eu quis festa
eu quis pregar na tua testa:
"engravida minha solidão".
eu quis saber te beijar de olho aberto
pra perceber o perigo na esquina
e te olhar nos olhos
sem medo de sentir medo.
ontem, hoje e sempre
eu quero te ver entrando pela porta da frente
e tuas costas na parede
me calculando com os dedos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário