13 março, 2016

Você suou em mim

Quando me olhou,
quis que encostasse sua boca na minha
como o beijo de Rodin.
Que suas mãos, onde estivessem,
não se revelassem por cima da minha roupa.
Assim como confundir gozo e suor
na mesma pele
e penetrar com os dedos no mesmo sangue.
Quando se encostou em mim,
quis que estancasse qualquer objeto
pontiagudo no meu peito
e cruzasse os dedos por dentro dos meus.
Que sua língua, molhada e tácita,
não soubesse a hora de parar
como seus olhos não soubessem piscar tanto
pra não me perder de vista.
Assim como seu batom se confundisse
com meu sutiã vermelho
e o seu sutiã se perdesse no meio das minhas coisas.
Quando largou o meu corpo,
quis que chorasse de arrependimento
como alguém que se mata pra nascer de novo.
Que meus órgãos fossem novas estruturas
pra tua nova casa
e que você não me deixe me perder no teu escuro.
Esqueça, quando me deixar,
que eu pus a sua mão em mim
porque eu não sei me encaixar em corpo diferente
do seu.

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