17 setembro, 2016

Diagnóstico

Com quantas lascas de carência se faz um delírio?
Se tuas distâncias fossem mínimas
e as excitações, máximas
eu faria do teu corpo o meu cerne.
Esse teu peito, ríspido e recluso, que teima
e desaparece diante de tanto acidente
e se liberta diante de tantos cárceres
essa tua penumbra
que finge abranger cada célula
mas a loucura é só uma parte do todo
que é você.
Diagnosticado foi o teu suor
que escorreu pelas brechas dos teus dedos
e pelos pelos do teu corpo
e te amargou.
Com quantas farpas de delírio se faz um mistério?
Se eu enxergasse claramente em escuridão total
eu tatearia até te tocar.
E diria em voz fanha
que queda nenhuma vai minimizar tua inquietação.
Que há amor, meu bem.
E há perigo.
Com quantos pedações de mistério se constrói uma dor?
Finjo que te enxergo e te conheço
para dizer que viver cansa
mas que morrer exausta.

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