14 novembro, 2016

Trepar em pé

que formigamento dá nas pernas
e sobe pelas virilhas
quando entro naquele banheiro fedido
onde costumávamos trepar em pé
entre suor e gozo
onde ajoelhávamos distantes
e cuspíamos sem nojo
não havia luz nem ventilador
só o desejo constante de ter a língua
arrancada da boca
tua língua que agora
percorre o pescoço de outra pessoa
mas que com certeza -eu penso
sem a mesma vontade
[sem o mesmo tesão
[sem o mesmo encaixe de coxas
tuas feridas demoram mais pra sarar sem o meu toque
melhor que merthiolate -você dizia
calada, eu busco minha sanidade que você levou na mala
minhas fotografias
meus poemas
meus espasmos
é difícil sentir o cheiro desse banheiro
que sinto uma vontade da porra de chorar
-e não é pela sujeira.

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