23 julho, 2017

escândalos do dia e a falta de suporte

sou eu a incapacidade de falar enquanto vejo
diante de você um estranho que se assolou na minha cabeça
meu coração é um nódulo
e não responde às perguntas que faço em silêncio
você dorme hoje sem precisar abrir a boca
e esconder de mim os escândalos do dia
não poderia pôr as mãos no meu cabelo e sentir
a oleosidade que é dormir no sol
com você em outra dimensão que não esta
com as mesmas pernas abertas para o frio vento de agosto
que não eu
você está nessa cidade que cheira a pólvora
e eu me contento com seu cheiro misturado aos óleos de cozinha
deixe-me escrever como quero escrever assim afugentada
de você e do que eu achei que seria nós no centro do mundo
não acredito nessa boca que me cospe desculpas
ferir e magoar nem sempre são a mesma coisa mas
você fez ser igual
com sua postura de sereia me negando o mar
não quero acreditar que prestamos só no transe
sua falta de amor pesou demais dentro de mim
e eu não quero nunca mais me ver nesse formato
assim distante
assim exilado
assim febril.

2 comentários:

  1. Muito do que você escreve eu já vivi ou vivo. Mais louco ainda que alguns versos seus explicam o que sinto com metáforas que eu jamais pensaria, especialmente quando a gente tem profundezas tão ocultas em nós é só encontra águas rasas dentro do mar dos outros. E essa melancolia que essa poesia me causa: de olhar através das coisas num mundo opaco.

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