sou eu a incapacidade de falar enquanto vejo
diante de você um estranho que se assolou na minha cabeça
meu coração é um nódulo
e não responde às perguntas que faço em silêncio
você dorme hoje sem precisar abrir a boca
e esconder de mim os escândalos do dia
não poderia pôr as mãos no meu cabelo e sentir
a oleosidade que é dormir no sol
com você em outra dimensão que não esta
com as mesmas pernas abertas para o frio vento de agosto
que não eu
você está nessa cidade que cheira a pólvora
e eu me contento com seu cheiro misturado aos óleos de cozinha
deixe-me escrever como quero escrever assim afugentada
de você e do que eu achei que seria nós no centro do mundo
não acredito nessa boca que me cospe desculpas
ferir e magoar nem sempre são a mesma coisa mas
você fez ser igual
com sua postura de sereia me negando o mar
não quero acreditar que prestamos só no transe
sua falta de amor pesou demais dentro de mim
e eu não quero nunca mais me ver nesse formato
assim distante
assim exilado
assim febril.
Muito do que você escreve eu já vivi ou vivo. Mais louco ainda que alguns versos seus explicam o que sinto com metáforas que eu jamais pensaria, especialmente quando a gente tem profundezas tão ocultas em nós é só encontra águas rasas dentro do mar dos outros. E essa melancolia que essa poesia me causa: de olhar através das coisas num mundo opaco.
ResponderExcluiressa identificação é linda, fico feliz <3
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