toda vez que penso em você eu sacudo a cabeça num gesto medonho e nada acontece. penso em gritar que quero sentir tudo de novo -amor, medo, ciume- sem que me ouça e me veja com seus olhos de rímel. a sua boca de cigarro e menta e saliva e vinho barato que num cuspe tocam o chão e eu sequer nunca senti. nessa testa que você beija eu já quis seu ombro sem culpa e tenho que tocá-lo sempre, a cada instante, ainda que eu crie reação alérgica, tocar seu ombro porque você foi meu carma; esotérica eu te digo que nunca me deixe. é fraca a carne, o lóbulo da minha orelha treme e meus ossos enfraquecem, eu sinto a vertigem, o refluxo. quero poder sussurrar no seu ouvido e sentir o quente das coisas; sem corpo, líquido, língua, beijo, sentido -só você na minha frente ouvindo que meu amor por você é mais loucura que verdade.
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