para Glícia
somos nós e o efeito placebo
não é sobre crescer é sobre crescer sem remédio
é sobre a revolução é sobre como nós fazemos a revolução
e a tristeza de estar só existindo
pensando que talvez nunca mais os espermas
nunca mais gastar batom em vão
você e eu e a crença no pós-guerra
nossos piercings falsos e a nossa procura pela verdade
você foi e seja talvez o ombro que carrega a cura
de se enxergar enquanto sol
em mês chuvoso
nossa dor está sendo panfletada
e eu sentencio minha morte cada vez que me movo
há nós e há a sensação da fuga
você está nessa de se olhar pra fora
e eu estou nessa de me olhar pra dentro
e há na palavra pele
o sentido das coisas
Conheci seu blog há uns dois dias e estou desde então lendo quase tudo que você já postou. É quase uma sensação masoquista de afundar na dor estranha dos seus versos e nos cenários inusitados que você apresenta. Às vezes me lembra minha infância, às vezes me desencoraja o futuro. De qualquer forma, é impossível passar incólume ao que você escreve. Seu estilo é muito particular e corajoso. Poucos são os que tem a audácia de se despir em público, denunciar a si mesmo e derramar sentimentos tão pungentes sem soar piegas ou até falsificado. Me identifiquei com muita coisa. Decidi comentar nesse só porque o segundo verso dessa poesia e a terceira estrofe ficaram atravessadas na minha garganta. Linda homenagem para Glicia. Parabéns pelo talento. Ganhou um leitor com toda certeza.
ResponderExcluir