depois eu fico olhando pra você como se fosse um poço. aqui, agora e depois, você de banho e rumo tomado. burguesinha eclética, o vermelho do meu sangue na cor da tua camisa, o preto fosco dos teus cílios na ponta dos meus dedos, meu corpo e teu corpo assim azul-montanha, carregado. aos homens que passam distraídos eu direi esse amor-fúria, o sufoco, gesto-medonho-enclausurado-que-é-essa-vontade-irremediavelmente-grotesca de tocar você, como se fosse uma dessas decorações de interiores. eu cuspo nessas beiras de buraco, gosto da palavra morte, e fico rondando pelas circunferências onde você fica, um tipo feito compasso. mexo no nódulo que é esse coração -e soluço, nunca sequer toque no meu ombro caso me encontre paralisada, estive assim na falta de coragem de acordar os músculos, não olhe pra mim, não me veja assim perplexa. eu nunca aguentei o peso do fim, é como dormir com búfalos. esse amor-fúria que senti por você, e que agora quase se esvai, de uma burrice escandalosa, me deixa a mercê da queda, da fragilidade da casca de um ovo. a saudade, esse estar sentenciado, e chorar quente todos os dias como se a febre fosse interna e talvez seja esses estados completamente convulsionais de saudade. pensar que coisa louca que é estar sozinho e lembrar que jamais estarei porque você está aqui dentro, provavelmente entre os pulmões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário