18 setembro, 2017

fim de ciclo

hoje mais do que ontem, eu tenho pensado em azul
e não sei se intercalo as cores quentes se penso no seu sexo
feito borboleta de asas quebradas alguns
sentem medo da queda eu tenho medo do vento

que levou alguma coisa branda que eu via nos seus olhos deixei
quieto porque me alivia o soco na cara o deboche
quase inconsciente é o teu riso no canto da boca
que me esquece por que me esqueces se há tanto espaço na cabeça?
se há tanto fio condutor tantas veias tantos cílios que eu posso arrancar
por que me deixastes fria? e eu penso no azul
porque o céu levou as nuvens

e eu tenho um corpo aberto um lábio dolorido saudade óssea
o medo instintivo de não ver mexer teu orbicular do olho venho
estudando anatomia o corpo fala e eu entendi inteiramente
que o teu só quer silêncio
pensar como se fosses uma garrafa pet que eu poderia imprensar
contra os dentes levar comigo a língua tocando e é feito
coronário seus braços recobrindo os órgãos
de acordo com paul ekman não passa de medo tens medo de mim?

porque as coisas morrem e eu ouço seu bater de asas desesperado
o fogo dessas velas que apagas hoje é o teu fogo
eu sinto a fumaça quer viver sozinha
desculpa, eu esperava um incêndio

Nenhum comentário:

Postar um comentário