11 outubro, 2017

a sucção do contato, teus lábios resolvem tudo

te acordei no fim da tarde, a boca pastosa
eu tenho ânsias, crateras
segui descalça pelo apartamento e o piso quente
não é o amor que se digere, você me diz
ele permanece no esôfago
deixe que o amor permaneça lá, entalado
que rasgue a mucosa
te desproteja
foda com o próprio corpo antes que
eu
senti sua boca no fim de tarde, lânguida
gosto dos impulsos dos joelhos que tocam sozinhos o piso quente
e ajoelhar-se é quase um mantra
hermético
sensorial
fatídico
eu sei do blues que é ajoelhar-se pra você
do new wave que é
e você ri da minha cara pela relação estranha com a cerâmica
somos juntas uma espécie de contato interativo
co-existentes
você está lá, intermediando.
não é o amor que desiste.
são os fins de tarde os pisos quentes os joelhos terrenos
em meio a soma das coisas, somos eu e você, instáveis
você sente falta de mim?

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