14 fevereiro, 2018

cintilantes. volúveis. fieis.


a vitor, jean e cecília

estando em meio a tantos corpos magrelos eu não me importo
que os ossos de algum de vocês me perfure a costela
e eu varreria tua casa com meu arrastar de chinelo
devagar, porque não costumo andar em linha reta
e me borda os calcanhares, não tenho medo
e num relance de escadas, em meio às cavalgadas cirsenses
eu te chamaria de potro, meu esbelto potro
te pediria que me lançasse longe

por uma morte que não é ferida por uma ferida que não arranhe
meu menino me é quase como uma dama de vermelho
que tem areia no batom que espera constantemente pelos touros
podem ver, por esses óculos, o rapaz bonito que eu tô vendo?
depois me fazer escandalizar no coração desses meninos

por você eu estaria sendo eternamente confeccionada
como se tivesse cheia apenas de presença em que tudo é processo
tua calça estampada que se confunde nesse estofado
não importa se pareço vestida
me movimento com os dedos tua falange esbranquiçada
posso desfilar onipresente nas peles finas que habito
e assim te presenteio com os dedos de esmalte
mas você constatou que de tudo ficou um pouco do meu desejo. do teu vazio
@ me entrelaça os dedos me deixa perplexa

me abraçou forte, meu pintor de parede
[se tua casa fosse ninho pro meu antro]
onde vejo um desenho do roberto carlos olhando pra cima
a jovem guarda me é um mistério e eu ouço
hojendia só o solo da tua guitarra
hojendia só a falta de sincronização
hojendia só a queda dos meninos jogando bola
aqui, agora
nada mudará o fato de que eu ainda terei que pegar o próximo ônibus

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