Não há um espaço em que habito, tenho um abismo na alma, sinto um vazio que prolifera em meu corpo. Sinto o nada. Pisco para uma natureza desconhecida, que não me conhece nem me enxerga por dentro. Brisas levam pássaros aos meus ouvidos e me fazem pensar no ser livre que nunca fui. Deixo os meus sentimentos presos numa gaiola gelada e cinza -que costumo chamar de coração. Neste se encontra as mais duras dinamites que estão prontas para explodir. Penso no santo dia em que morrerei sufocada com o que nunca vivi; com as palavras que nunca disse; com os olhares que nunca troquei; com o amor que nunca senti. Eu sinto frio agora; e isso nada tem a ver com o abismo. Porque o frio me faz ser humana, me faz tremer e derramar o café na roupa, me faz pensar em alguém que nunca tive. A lua está indo embora e tenho que fazer com que as pessoas me escutem, preciso que elas me ouçam. Preciso dizer que sofro demasiado de ansiedade e que suas certezas estão me matando. Suas explicações não fazem mais sentido para mim. Saibam que eu desconheço o meu passado e não quero saber do meu futuro. Vejo tons de azul mais claros agora, e preciso dormir.
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