25 setembro, 2014

i'm so sorry



o que se deu diante dos bares
as pernas da moça que sempre passavam
tão macias, tão de fora,
tão ingenua a capacidade de se entregar.
deu-se um novo instante
e a estrada que parecia não querer ninguém,
a calçada com rastros de quem já não vive
e a saia que parecia querer voar.
a moça não viu quem a olhava dos bares
da cachaça que engasgava sem pudor
os vultos de quem a queria tão rápido
e sem rastro, o medo se alastrou.
a rasgavam sem piedade
suas coxas tão macias, tão de fora
o gosto de concreto com a saliva
sua boca que já não tinha voz.
sentiu o álcool na língua trêmula
seus peitos que ardiam como seu bárbaro grito
e os dedos ásperos colocando-se dentro dela
que anunciavam um êxtase malquisto.
pararam num gesto insano
e a correria que deixava a moça solitária
suas coxas, agora, tão ásperas
se esconderam para um choro previsto.
ela, ali, tão sozinha, tão frágil
me doía por sua vida.
não sabia se chorava, se gritava
ou se sofria.

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