17 novembro, 2016

tento tua boca carnuda

você assopra na minha cara -eu reclamo.
diz que moral alguma transgrediria o tesão que sente agora,
jogada entre o fogo das minhas pernas.
a água com cloro nos arrebenta o rosto e nos afoga
queria uma dor mínima que fosse
pra repelir esse escarro
e voltar a chorar sem consolo.
não tenho pique pra ser feliz
não tenho saúde
quero há horas sentir que posso -e tento
tento tua boca carnuda em movimento
e sobressaltos
é difícil beijar sem sobriedade
tento me equilibrar na borda da piscina
como uma linha
entre dois precipícios -não caio.
queria agora no final desse buraco as tuas pernas.
sinto a tontura [ou seria tristeza?
de que somos apenas crianças
abordando a fuga.

e agora estou aqui, sentada,
esperando o meu sorvete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário