19 agosto, 2017

suor choro esquecimento - parte 1

mais tarde eu deixarei que morra em mim o aspecto violento do teu rosto
ele hoje é quase como as teias que fazem e se desfazem ao longo de uma parede de cal
eu desapareceria para que desaparecesse junto os sois
veja bem: eu não sei que cara tem o atlântico
mas ainda assim eu me afogo.

olhar para trás é tão inútil quanto agarrar-se aos calcanhares de quem flutua
teu despejo é quase um cuspe
e viver como ciganos numa terra imóvel, preocupa-me
te tenho na cabeça como parte da pele, abaixo das sobrancelhas
e você não aparece no reflexo, como se não existisse
mas todos nós sabemos que está ali na guerra, ainda que exausta,
o amor debaixo da terra
junto às minhocas, se alimentando das folhas
permanece teu suor
como parte de um organismo.

tão sensato quanto deixar que morra em mim qualquer coisa viva
é deixar que permaneça a dor do parto
enquanto sangra a placenta,
dorme mais cedo o que é prematuro
e o sol gravado no teu rosto, desaparece.

e eu busco o gesto que doei aos centros
ficou qualquer coisa gelada que derrete muito lentamente
e os carbonos não ajudam.

não tema em mim o gosto do escândalo
eu sou quieta, como um lago
e meu grito sucumbe aos reflexos solares que você emite
e emite essa árvore genealógica
arrancada com machados
por essas mãos perplexas/suadas
onde deito a cabeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário