22 novembro, 2017

amor perda pânico armário soluço

eu só posso te ver com a mão no peito
me assegurando que minhas mãos são parede
teia. refúgio. cianeto de potássio.

que minhas mãos são ladeira
e que você pode descer
sem medo

tendo em vista o corpo todo e saber que ele é só uma máscara
escondendo o corpo que tem dentro
que esconde outro e talvez mais um embaixo
olhando bem pra dentro da sua primeira pele
onde há constâncias e regularidades
quando posso ver tua cabeça
teu peito longe de mim é o que menos importa

eu não consigo não correr o risco
porque tudo em mim é cada gesto sucumbido
história de selvageria transa mística que me atrevo a esquecer meu bem

não esqueço
a abelha que você manda pra longe
com um gesto de mão fechada
és aberta enfim só de corpo
e pra abrir você a gente usa aqueles serrotes com cabo de alumínio

saber que és toda autêntica e em si preliminar
só no teu rosto que a gente ver por um instante
a dor descendo dos cílios circenses
és aberta enfim só de corpo
e não fostes jamais veneno, agrotóxico. talvez a plantação.
e da tua árvore geneológica
só você conhece a vida

assim se as coisas que você pensa e sente
tem origem gesto explicação
mostre gesticule explique
por você ter no mesmo teto o fogo-fátuo
com aparência de gente de cabelos brancos
que da palavra adeus
eu só consigo ler desastre.

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