para andressa
queimar-me como uma mulher queima em cinzeiro
te toco pra te achar bonita
enquanto a luz encadear minha cegueira.
de tudo que me ofereces, aceito um par de meias
pra me livrar do frio que carrego.
embora eu me recolha na tua casa, me ame na rua. me ame
no asfalto e nas rachaduras da parede. me ame enquanto os carros passam
e a pedra vire areia e a areia vire pó.
segurarei firme o teu cabelo, porque se lê queratina a minha urgência
conforme eu me recolho na tua casa.
e me olhe amena, porque tu me tens exausta.
teu nome segue baixo e sonoro na minha boca.
quero saber se me acharias fácil em meio às tuas coisas. potinhos de páprica
sabonetes de argila. rolos de linha. plantas, panelas, passos
me busca na tua colcha cor-de-rosa, me tira pra dançar
e eu gritarei teu nome de garganta inflamada
de forma que eu me recolha na tua casa
e faça parte do que é vivo dentro dela.
mas você me olha e eu sinto que há algo de bonito em toda miudez
de todo aspecto agrilhoado dos meus pés a uma pedra
que a escada é pouca e eu subiria mais
que eu tenho fome de quando tua cara é palpável, muito além
de um holograma insípido e nervoso.
muito além de beijos na grade
e tremores de pernas na cerâmica, espocam
e eu arranho as tuas costas pra que desmonte
nesse real e minúsculo braço onde repouso a cabeça.
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